quarta-feira, 1 de agosto de 2007

O Zé I

Os últimos dias são de facto melancólicos. O meu blog está escuro! Assim como eu. O Zé está doente há já 2,5 anos. O pior dos diagnósticos, com a pior das esperanças. Nada a fazer. Tratar o mínimo, com qualidade de vida máxima. Confortar. Não tive tempo! E sabia, nestes 2,5 anos, o que estava a perder e que seria irremediavelmente perdido. Por isso tomei algumas opções. Para não voltar a acontecer.

Lembro-me do Zé, meu padrinho, tio direito, tio do coração com os seus bigodes de cigano dos anos 70, no Bom-Jesus a sorrir para o mundo. Lembro-me do Zé a dizer: Vai uma pinguinha, Martinha? E de forma clandestina servia-me num copo de plástico cor-de-rosa 20ml de vinho tinto (aos 4 anos). Lembro-me do Zé ser um dos companheiros preferidos do meu pai. Lembro-me do Zé me ter chamado sempre Martinha (nunca para ele fui Marta). Lembro-me do Zé me levar ao altar no dia do meu casamento. Lembro-me do Zé estar sempre pronto para a mãe. Lembro-me do Zé dizer -Eu sou o Zé!. E desta vez, Zé tens razão.
Hoje vai ser internado numa clínica. Já não consegue respirar. É como morrer afogado em ar respirável. E é incrível como a medicina não evoluiu, não para te curar, mas pelo menos para te aliviar esse sofrimento horrivel em que te encontras. Bem hajas Zé por existires, e por nos teres ensinado o que é ser o (teu) Zé.

1 comentário:

Unknown disse...

Neste espaço para comentários....não quero fazer comentários!!! mas quero que saibas que o li.... e entendi... e compreendi..... oh, como te compreendi!!!!